RESPONSABILIDADE SOCIAL



DEFINIÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
 

“A expressão responsabilidade social refere-se, geralmente, à obrigação de uma organização em maximizar seu impacto positivo em longo prazo e minimizar seu impacto negativo sobre a sociedade.” -Dicionário Enciclopédico de Administração

Certo & Peter (1993, p.279) definem responsabilidade social como “o grau em que os administradores de uma organização realizam actividades que protejam e melhorem a sociedade além do exigido para atender aos interesses econômicos e técnicos da organização”. Dessa forma, eles consideram que a responsabilidade social da corporação envolve a realização de actividades que “podem ajudar a sociedade mesmo que não contribuam directamente para o lucro da empresa.
Vale ressaltar que as empresas são consideradas entidades socialmente responsáveis na medida que atuem voluntariamente para manter ou aumentar o bemestar social em vez de serem forçadas a fazê-lo apenas por regulamentação governamental.

 ADMINISTRAÇÃO COM RESPONSABILIDADE SOCIAL

Administração com Responsabilidade Social pode ser entendida como a operação de uma empresa de forma a que essa atenda às expectativas da sociedade em termos de respeito à lei, aos valores éticos, às pessoas, à comunidade e ao meio ambiente.

Essa visão moderna se contrapõe a outras defendidas por autores de renome, como FRIEDMAN (1963) – Milton Friedman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976, defende a idéia de que a única responsabilidade das empresas é dar tanto lucro quanto possível aos seus proprietários, e que qualquer posição diferente dessa irá enfraquecer as empresas e o sistema capitalista, culminando com sua destruição. 
Contrariando as posições de Friedman, outros autores como DRUCKER (1984) e DAVIS (1975), contribuiram para que as empresas começassem a ser vistas também como co-responsáveis pela melhoria e manutenção do bem estar da sociedade como um todo, na forma apresentada no início deste artigo. 

Administração com Responsabilidade Social está passando a ser vista por muitas empresas não apenas como um conjunto de iniciativas motivadas por razões de marketing, relações públicas ou filantropia, mas como um conjunto de políticas, práticas e programas que permeiam os negócios e o processo de tomada de decisões na empresa. 
Há a percepção de que a prática da Administração com Responsabilidade Social é positiva para os negócios, razão que aliada às pressões de clientes (que se dispõem a cortar seu relacionamento comercial com empresas "irresponsáveis"), fornecedores, empregados, investidores, vizinhos e outros grupos, tem feito aumentar o número de empresas de todos os tamanhos e segmentos que a estão adotando, como factor estratégico para o sucesso no cenário contemporâneo.

 Convém lembrar que esses grupos são chamados stakeholders, expressão frequentemente utilizada nos textos que tratam de responsabilidade social.As empresas que vem praticando Administração com Responsabilidade Social estão obtendo resultados positivos principalmente em função de redução de custos operacionais, melhoria de imagem, aumento do volume de vendas e lealdade dos clientes e melhoria dos indicadores de produtividade e qualidade. Dado esse cenário é objectivo deste trabalho propor um conjunto de práticas para subsidiar a implantação da Administração com Responsabilidade Social nas empresas. 

Obviamente, cada empresa deve abordar o tema levando em conta factores como cultura, porte, sector de actuação, etc. Deve-se deixar claro que a prática da Administração com Responsabilidade Social depende da quebra de paradigmas, quebra essa que só pode ocorrer com investimentos em educação e estímulo à criatividade dos dirigentes e funcionários da organização. 

Até o momento, tem sido mais comum as empresas focarem-se em uma área, como educação, meio ambiente ou desenvolvimento econômico de uma comunidade, quase sempre tratando o assunto como filantropia. É claro, porém, que a visão mais ampla de Administração com Responsabilidade Social, como um conjunto de políticas, práticas e programas que permeiam os negócios e o processo de tomada de decisões na empresa é mais adequada, se bem que bastante mais difícil de ser implantada e praticada.

A definição da Missão e da Visão da empresa ocorre em tempo de planeamento. Em geral nossas empresas não planeiam de forma contínua, mas sim espasmódica, fazendo com que Missão e Visão frequentemente tornem-se apenas palavras perdidas nos manuais internos. Ao se praticar Administração com Responsabilidade Social, essa situação deve ser modificada, de forma a que essas definições permaneçam actualizadas e sistematicamente difundidas, de forma a refletirem constantemente os objetivos e aspirações da organização e assim servirem como instrumento de orientação na busca desses objectivos. 
Para as empresas que realmente praticam Planeiamento Estratégico, fica clara a necessidade de que Administração com Responsabilidade Social seja considerada também quando se está trabalhando no planeamento de médio e longo prazos, analisando seu impacto sobre os projectos e metas, definindo métricas para avaliação de processos, etc.Factores de ordem cultural também são importantes. 

A prática de responsabilidade social não pode se desenvolver em um ambiente onde o empreendedorismo não seja aceite e estimulado. O discurso e a prática devem ser coerentes; o sentimento de que a empresa mantem um discurso acerca de ética e Administração com Responsabilidade Social apenas com objectivos de melhoria de imagem, pode ser mais danoso do que a certeza de que a empresa simplesmente não se preocupa com responsabilidade social. 
Programas que envolvem a totalidade de uma empresa usualmente fracassam quando não existe um suporte explícito e forte da direcção (BRETERNITZ, 1999); Administração com Responsabilidade Social não é uma excepção. Para seu sucesso, é necessário que se atribua formalmente a um de seus executivos de primeiro escalão a responsabilidade sobre o assunto. 

Essa responsabilidade usualmente recai sobre o executivo que responde por auditoria e compliance (observação das normas legais e dos procedimentos normatizados, estes especialmente importantes em instituições financeiras). Por sua posição no organograma da empresa, e pela natureza de suas atribuições, o ocupante desse cargo usualmente pode garantir que Administração com Responsabilidade Social seja efectivamente praticada.

 Muitas empresas, em especial as de grande porte, adoptam descrições de cargos e funções bastante detalhadas como ferramenta para administração de recursos humanos. A menção nessas descrições de responsabilidades no que tange a Administração com Responsabilidade Social, bem como a fixação de metas para os ocupantes de tais cargos é uma boa forma de aumentar o entendimento e o comprometimento dos empregados acerca do tema. Essas medidas podem melhorar também a accountability de Administração com Responsabilidade Social na empresa – no caso essa palavra poderia ser entendida como a propriedade que garante que a execução de qualquer acção possa ser acompanhada, bem como identificados os responsáveis pela mesma de forma única e individual. Isso pode ser bastante útil no sentido de que se evitem omissões. 
Cumpre registar que o termo accountability vem sendo utilizado com bastante frequência quando se fala em Administração com Responsabilidade Social, embora não haja uma tradução consagrada para o mesmo. 

A expressão relaciona-se com a idéia de responsabilidade fiscal, embora com ela não se confunda (CAMPOS, 1990). Outros definem-na como "responsabilidade pela prestação de contas" (PEDERIVA, 1998) ou "responsabilidade pela eficiente gerência de recursos públicos" (TORRES, 2000).É claro que os membros de uma organização não podem ser responsabilizados por uma determinada postura ou acção se não são adequadamente informados acerca do que deles se espera, e treinados acerca das ferramentas disponíveis para que se atinjam as metas e objectivos fixados. Isso também é válido quando se trata de Administração com Responsabilidade Social, devendo, portanto, as empresas que pretendem praticá-la, desenvolverem programas para adequada comunicação e treinamento a respeito. 


IMPACTO NA ADMINISTRAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS



Segundo Montana & Charnov (2003, p.39), defendem a participação das organizações em actividades de responsabilidade social. Ele argumenta que a responsabilidade social anda de mãos dadas com o poder social, e já que a organização é a maior potência do mundo contemporâneo, ela tem a obrigação de assumir uma responsabilidade social correspondente. 

Por sua vez, a sociedade que deu esse poder às organizações, pode chamar a organização para prestar contas pelo uso desse poder. Keith Davis, citado por Stoner & Freeman (1999, p.73) alega que “há uma férrea lei de responsabilidade afirmando que, a longo prazo, quem não usa o poder de um modo que a sociedade considere responsável, tende a perdê-lo”. 

Davis tambémafirma que a organização precisa estar aberta aos problemas sociais e que a sociedade deveria valorizar os esforços na área da responsabilidade social. Ele salienta que os esforços da responsabilidade social da organização serão dispendiosos, mas sustenta que tais custos podem ser legitimamente repassados aos consumidores na forma de preços mais altos. 
O ponto de vista contemporâneo concebe as organizações como membros da sociedade, por isso elas são responsáveis por ajudar a manter e melhorar o bem-estar da sociedade como um todo. Vergara & Branco (2001, p.22) alegam que: “Seja pelo poder econômico que possuem, seja pelo conjunto de competências técnicas de que dispõem, as empresas são hoje uma das instituições mais influentes nos rumos da sociedade”. 

 E sendo assim, utilizando-se essas competências, o profissional de Gestão de Pessoas terá um melhor desempenho na organização e, consequentemente, as práticas de ResponsabilidadeSocial da organização serão realizadas com sucesso, garantindo e fortalecendo a Imagem institucional.

Vale ressaltar que se a organização quiser realizar programas de responsabilidade social na comunidade onde está inserida, primeiramente, terá que reestruturar todas as práticas de Gestão de Pessoas.

Então, a partir da valorização dos seus colaboradores, através de políticas de gestão de pessoas éticas e justas, voltadas para a responsabilidade social, a organização conseguirá alcançar o comprometimento de todos os colaboradores. 
Este comprometimento proporcionará diversos benefícios à organização, tais como: melhoria da qualidade, criatividade, melhoria da imagem institucional, redução do índice de acidentes, elevação do moral, novos consumidores, aumento nos lucros entre outros. Daí a relevância dos impactos da Responsabilidade Social na área de Gestão de Pessoas, ou seja, as políticas de gestão de pessoas passam a valorizar ainda mais o ser humano, considerando-o como inteligente, criativo, inovador e capaz de alavancar o crescimento e o sucesso da organização.

A força da cultura organizacional pode ser destacada, mostrando-se que a formulação de estratégias, o estilo de liderança preferido, as actividades de responsabilidade social e as maneiras aceitas de se realizar tarefas, entre outras coisas importantes da vida organizacional, são realmente reflexos da cultura da organização.

Assim como a cultura é um factor importante, que influencia a forma como as pessoas agem e interagem dentro de uma certa sociedade, as culturas inatas evoluem dentro de organizações ao longo do tempo e afectam o comportamento de pessoas e grupos. De maneira semelhante à cultura da sociedade, a cultura organizacional também é implicitamente difundida, sendo uma força penetrante e poderosa na moldagem do comportamento. 

Assim, pode-se afirmar que a cultura organizacional afecta todos os aspectos da vida organizacional, das formas em que as pessoas interagem entre si, realizam seu trabalho e se vestem, aos tipos de decisões tomadas numa empresa, suas políticas, procedimentos e considerações estratégicas.

 Daí a importância de constar na cultura organizacional o valor da responsabilidade social, norteando o comportamento de todos os colaboradores da organização.

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